Depoimento [bolsista - Lucila Etsuko Gibo]
Não é tarefa fácil traduzir em palavras a experiência que tive ao fazer intercâmbio no Japão. Filha de imigrantes provenientes de Okinawa, região sul do Japão, sempre me interessei pelo estudo do dialeto okinawano assim como sua cultura em geral. Por esta razão, optei pela Universidade de Ryukyu, onde fiquei de outubro de 2004 a setembro de 2005.
Recepcionados no aeroporto por um dos professores, eu e mais sete bolsistas de Língua e Cultura, provenientes de Peru, Espanha, Suíça, Letônia, Rússia e duas de Tailândia, tivemos todo o suporte durante o ano que estivemos em Okinawa. Já no primeiro dia, fomos encaminhados ao alojamento, localizado dentro do campus universitário e apresentados aos nossos respectivos tutores, estudantes universitários que nos ajudavam a desde fazer as primeiras compras no supermercado (para quem vai pela primeira vez ao Japão, às vezes e difícil até mesmo distinguir um xampu de um detergente), a resolver questões burocráticas como tirar a carteira de identidade ou abrir uma conta no banco. Lembro-me que neste dia a tutora me levou a uma loja de “100 en” para comprar objetos para casa.
No segundo dia, fizemos uma prova de avaliação de nível e no dia seguinte já tivemos a primeira aula. Na Ryudai, assim como chamávamos a Universidade de Ryukyu, assistíamos a aulas de língua e cultura japonesas, cultura e história de Okinawa junto com os outros estudantes estrangeiros e tínhamos aulas de leitura e técnicas de escrita de textos para monografia, voltadas especialmente para o nosso grupo de pesquisadores de Língua e Cultura. As tardes de sextas-feiras eram dedicadas à pesquisa que deveríamos realizar no decorrer do ano. Além destas, era possível assistir aulas com os alunos japoneses, contanto que a matéria estivesse relacionada ao tema de pesquisa e tivéssemos a indicação de nosso professor orientador. Cada um de nós era orientado por um dos três professores responsáveis pelos alunos estrangeiros, A qualquer hora podíamos contar com nossos orientadores, lembro-me de que não foram poucas às vezes em que pude estar com minha orientadora até altas horas da noite. Terei eterna gratidão por todos os professores da Ryudai, por serem sempre gentis e darem todo o apoio de que necessitei.
Apesar de não ser pequeno o número de estudantes estrangeiros na Ryudai, cada um de nós foi sempre muitíssimo bem tratado por toda equipe da universidade. Acho que como no Brasil, diferentemente das grandes metrópoles, as pessoas de lugares pequenos como Okinawa, são bastante receptivas e hospitaleiras, costuma-se comparar o calor humano do okinawano ao dos brasileiros. E apesar da presença de bases militares norte-americanas, em Okinawa é difícil encontrar pessoas que falem inglês, por este motivo, todo estrangeiro é “obrigado” a se comunicar em japonês e por isso mesmo, até mesmo aqueles estrangeiros que chegaram sem ter o mínimo de conhecimento do idioma, tornaram-se fluentes em poucos meses.
Pelo fato de Okinawa ser um paraíso tropical com lindas praias e uma cultura diferente de todo o Japão, posso dizer que é como se tivesse feito uma longa viagem conhecendo belíssimos pontos turísticos e aprendendo muito de uma cultura bastante peculiar.
Estudando na Ryudai, pude aperfeiçoar o meu japonês e fiz grandes amizades. O contato com pessoas de todos os cantos do mundo me fez mudar o modo de ver o mundo e encarar a vida. Parece exagero, mas foi tudo como um sonho, de tão perfeito e por isso, agora sonho em poder voltar para aquela universidade. Despedi-me de Okinawa com os olhos cheios de lágrimas.
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Cerimônia de encerramento. |
É uma grande honra poder escrever este depoimento e espero ter conseguido descrever um pouquinho do sonho que vivi. Que minhas palavras sirvam de incentivo àqueles que pretendem pleitear por esta bolsa do governo japonês.
Lucila Etsuko Gibo
http://www.u-ryukyu.ac.jp/
MATERIAL COMPLEMENTAR
Estudar fora vale a pena, mas implica riscos
[Fonte:Folha de São Paulo, Caderno de Empregos 14/11/2004]
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