BOLSA DE ESTUDOS - MEXT - DEPOIMENTOS



Depoimento [bolsista - Cesar Alves Ferragi ]

Relato de uma vivência de quase 6 anos no Japão

Aconteceu. Teve um dia em que cheguei aos 25 anos. E aí veio aquela pergunta, questionando: “qual a solução criativa que dou para a minha vida?” Quando a universidade termina, acaba a sequencia de semestres encadeados que dão o tom cartesiano da vida universitária. A cada semestre temos uma nova página já formatada, basta completar e ir preenchendo os espaços. A página do oitavo semestre, ao ser virada, culmina com um página em branco. Ela não termina com um ponto. Mas sim com dois pontos: e agora?
Foi nesse momento em que soube da bolsa de pesquisa do “Monbukagakusho”, do governo japonês, com possibilidade de mestrado e doutorado. A questão já começava bem: eles ofereciam passagem aérea, as mensalidades da faculdade pagas, e ainda davam uma mesada em ienes para bancar as despesas da vida nipônica. Era o que um recém-formado precisava para olhar o site com mais atenção e afinco.
Estudei administração pública na FGV-EAESP e Turismo na ECA-USP. Tinha nas mãos as possibilidades inúmeras de trabalho no setor do turismo – que chega a ser mais confuso do que relações internacionais, acreditem – de uma carreira na gestão pública, em ONGs ou até mesmo nas multinacionais sedentas por talento. Escolhi o Japão por acreditar que era a opção mais instigante e, por consequência, enriquecedora que teria naquele momento.
Aconteceu. Fiz o mestrado e o doutorado em Tóquio, ambos em administração pública, na International Christian University, com um semestre na Universidade da ONU. O mestrado focou em estudos da paz e resolução de conflitos, e o doutorado em teoria das organizações. Analisei a sociedade japonesa e o porquê do Japão ser um país tão seguro. Com o framework da teoria institucional, pesquisei o sistema de policiamento comunitário japonês aplicado à Polícia Militar de São Paulo. Foi um mergulho na vida das organizações, que rendeu ambos diplomas revalidados posteriormente pela UNESP aqui no Brasil.
Ao longo da jornada, a sensação era a que percorria uns oito caminhos simultaneamente: aprendia o japonês, melhorava o inglês, praticava karatê, viajava pelo leste asiático, namorava, cozinhava um missô como ninguém, festejava... e estudava. Viver no Japão significou alterar meu jeito de ser. Foi começar a ser outro sendo eu mesmo. Como se o eixo dos meus óculos tivesse mudado de lugar, filtrado agora pelas lentes do oriente. Amigos de Israel, da França, da Lituânia, do Sri Lanka e do Uzbequistão faziam parte dos happy hours, das discussões acadêmicas... e dos destinos de viagem que surgiram.


 

(formatura na ICU, com bolsistas de outros países)


Hoje, colocando no papel a experiência, alegro-me com os resultados dessa jornada. Olho para trás e enxergo a beleza de ter assumido um espaço de vulnerabilidade tão enriquecedor. Não sabia – e nem poderia – mensurar as dificuldades que teria durante o intercâmbio. Mas certamente consegui assumir os riscos mágicos desse abismo desconhecido, aquele que extrapola as dimensões da zona de conforto. Foi algo que me deu lastro cultural e fortaleceu minha mentalidade global, pois agregou capital intelectual, social e psicológico a quem sou. Aconteceu.

 

                   (com o professor orientador Nishio da ICU)

Cesar Alves Ferragi – bolsista de Pesquisa (pós-graduação) 2006 - 2011
Atualmente é professor de Relações Internacionais da ESPM, com foco em negociação e no Leste e Sudeste da Ásia, e atua como Assessor Acadêmico de Internacionalização da ESPM, sendo o Coordenador Institucional do programa Ciência sem Fronteiras.

 




MATERIAL COMPLEMENTAR

Estudar fora vale a pena, mas implica riscos

[Fonte:Folha de São Paulo, Caderno de Empregos 14/11/2004]
(clique aqui para ler a matéria)

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Bolsistas 2009 com o Cônsul Geral