O Florescer das Cores: A Arte do período EDO
Em comemoração ao I Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, a Agência Cultural do Japão e a Pinacoteca do Estado de São Paulo inauguram uma exposição sobre artes tradicionais japonesas no período Edo (1603-1867). A mostra apresenta cerca de 160 peças inéditas no Brasil, provenientes de acervos de mais de 15 museus japoneses, compreendendo diferentes tipos de quimonos (incluindo quimonos criados para o teatro), adornos femininos, cerâmicas, artefatos em laca e indumentárias de samurais (incluindo espadas e armaduras).
A curadoria da exposição é de Saito Takamasa, um dos mais renomados especialistas da Agência de Cultura do Japão.
A mostra oferece ao público brasileiro a oportunidade única de apreciar autênticos tesouros da cultura clássica japonesa, provenientes de diversos museus do Japão. A maioria dos objetos apresentados foi produzida ao longo do período Edo (1603 a 1867), que tem como principal característica a dominação do xogunato Tokugawa (governo militar centralizado) e o isolamento quase completo do Japão em relação ao resto do mundo. Edo era a antiga denominação de Tóquio, que, naquele período, passa a ser a capital do país.
A exposição está dividida em quatro módulos:
Os quimonos e os ornamentos do corpo:
Este módulo reúne quimonos tipo “kosode” (literalmente, “mangas pequenas”), “furisode” (quimono de mangas longas) e “katabira” (quimono sem forro, feito de cânhamo). Ao contrário das vestes ocidentais que usam cortes tridimensionais, os quimonos têm cortes planos. Assim, seus atrativos são a tecelagem, o tingimento e as ilustrações que, em geral, têm a natureza como inspiração. A coleção se completa com os pentes, presilhas e ornamentos confeccionados com diferentes materiais e técnicas artesanais.
Dentro deste módulo também serão apresentados quimonos produzidos para os teatros Nô e Kabuki. O Kabuki é uma modalidade de teatro que se formou no período Edo, cujos vestuários se caracterizam por cores extremamente fortes e brilhantes, que tinham como função atrair a atenção do público sobre a representação dos atores. Já o Nô é um teatro de dança e canto que combina o recitativo e a música para contar determinada história. Expressão artística altamente sofisticada, o Nô caracteriza-se por uma beleza sutil e poética, que se expressa por meio do uso de máscaras e vestuário luxuosos.
O universo dos samurais:
Os samurais – guerreiros tradicionais do Japão feudal – se constituem em personagens que até hoje povoam o imaginário ocidental. Suas armaduras, usadas desde a antiguidade, transformaram-se ao longo dos séculos ao incorporar sofisticadas técnicas artesanais para atender às necessidades de defesa. Este módulo apresenta duas armaduras completas e selas de montaria. Outro destaque são duas espadas, uma confeccionada por Bungo-no Kuni Yukihira no século XIII, obra considerada “Importante Propriedade Cultural” do Japão, e outra confeccionada por Masatsume no século XII, considerada “Tesouro Nacional” do Japão. Ambas as peças viajam pela primeira vez à América Latina.
A cerâmica japonesa:
Numerosas peças deste módulo são consideradas “Importante Propriedade Cultural” do Japão, reconhecimento este adotado a partir da década de 1950 para designar os artefatos culturais de destacado significado e garantir sua preservação.
Fazem parte deste módulo as cerâmicas japonesas produzidas em diferentes períodos e locais, iniciando-se pelas peças da cerâmica Jomon (período iniciado há cerca de 12.500 anos), considerada uma das mais antigas do mundo, diretamente ligadas à economia local, baseada no cultivo do arroz. Do período Edo, a exposição apresenta o mundo vívido das porcelanas com designs coloridos por meio da técnica Sometsuke de Imari, ponto de partida da produção de porcelanas do Japão; das peças de Kokutani, com design voltado para o mercado nacional; de Kakiemon, que influencia a produção de porcelanas na Europa; de Nabeshima, que possui a melhor técnica e os melhores materiais da época; e de Ninsen e Kenzan, que se desenvolvem em Kyoto, centro da cultura tradicional.
Os artefatos de laca:
Neste núcleo, é apresentada uma coleção de pequenos objetos chamados inrô, usados para carregar remédios, acompanhados de netsuke (pequenos ornamentos colocados na corda do inrô, e que lhe serviam de contrapeso). Também é exibida uma coleção de objetos criados para o enxoval de noivas da elite social, incluindo móveis para toaletes femininos, objetos de papelaria e artigos para incenso, todos luxuosamente decorados com a técnica Makie, que utiliza o pó de ouro na aplicação do envernizamento.
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Instituições e Museus japoneses que cederam obras para a exposição: Arquivo de Cerâmica da Província de Aichi, Centro Cultural de Cerâmica de Kyûshû da Província de Saga, Instituto Nezu de Belas Artes, Museu de Arte da Província de Nara, Museu de Arte do Acervo Seikadô, Museu de Arte Idemitsu, Museu de Arte Suntory, Museu Eqüestre do Japão, Museu Gotô, Museu Ieyasu e Mikawa Bushi, Museu Memorial de Toyama, Museu Memorial Hideyoshi e Kiyomasa da Cidade de Nagoya, Museu Municipal de Nagoya, Museu Nacional de História e Etnologia, Museu Nacional de Kyoto, Museu Nacional de Tóquio, Universidade Feminina Kyoritsu.